Ale, diretor do curta "Bugigangue - Controle Terremoto", primeira produção nacional a usar a tecnologia de projeção em 3D, falou com exclusividade ao UOL Cinema sobre o evento que passou pelo Rio entre 16 a 25 de julho (ele mediou uma mesa por lá). Agora o Anima Mundi chega a SP, onde acontece de 28 de julho a 1º de agosto. OS filmes serão exibidos no Memorial de América Latina e no Centro Cultural Banco do Brasil (veja mais informações no site oficial)
UOL Cinema - Como foi a mudança de espectador para participante do Anima Mundi?
Ale McHaddo - Na verdade tem duas mudanças. Eu comecei a produzir animações em 2002 e, a partir daí, consegui colocar meus filmes no Anima Mundi a cada dois anos. Depois, com a criação do Anima Fórum, pude participar como debatedor. No final, essas mudanças acabam sendo apenas novas camadas que são acrescentadas. São dois momentos interessantes, mas é preciso sempre ter em mente o que você buscava quando só assistia às animações para conseguir produzir uma animação de boa qualidade.
UOL Cinema - Quais as atrações do festival causaram mais ansiedade em você?
Ale McHaddo - Acho que estava esperando mais pelas mostras da Gobelins e da CalArtes, que são escolas estrangeiras de animação. Para o mercado nacional, a mão-de-obra mostra-se um grande gargalo na produção. No Anima Fórum, as escolas mostram seus programas e as animações dos estudantes. Com isso, podermos ver como se criar talentos para a área.
UOL Cinema - Ansioso para o Anima Fórum no Rio? O que espera do papo?
Ale McHaddo - Claro que sim. Eu vou exibir alguns filmes e depois acho que termos muitas perguntas técnicas e poucas falando da estética do 3D. Pouco se pensa na contribuição da estereoscopia para a história. Ainda falta acontecer uma maturidade nessa questão. Acho que 80% serão tecnicalidades, mas como um moderador da mesa vou buscar perguntas que falem mais da estética e da imersão.
UOL CInema - Como surgiu a 44 Toons? Por que esse nome?
Ale McHaddo - Quando eu era estudante, fundei com alguns amigos a 44 Bico Largo, para produção de fanzines e games. Depois, quando começamos a produzir animações, formamos um braço da empresa: a 44 Toons. Como 44 Bico Largo fica difícil de falar em inglês, ficamos com o nome novo.
UOL Cinema - Além dos óculos, o que muda quando se faz uma animação 3D?
Ale McHaddo - Muda o pensamento de cena. A linguagem cinematográfica exige que o animador e o diretor pensem no eixo da tela, que é sempre bidimensional. Na produção de uma animação em 3D, precisa-se pensar como colaborar para o movimento dos personagens e como valorizar a cena. Por causa da tridimensionalidade, o pensamento aproxima-se mais do teatro, especialmente aquelas peças em que o ator se aproxima da platéia.
UOL Cinema - O processo é mais cansativo para os animadores?
Ale McHaddo - Muito mais cansativo! A gente produziu o "BugiGangue" quando ainda não existiam televisores 3D e, por isso, tivemos que usar aqueles óculos azul e vermelho para fazer o filme. Esses óculos causam dor de cabeça depois de muito tempo de uso. Aí tivemos que desenvolver algumas técnicas para descansar os profissionais, até com o acompanhamento de oftalmologistas. Agora temos monitores novos, que causam menos incômodo.
UOL Cinema - Na sua visão, como o 3D muda a experiência cinematográfica?
Ale McHaddo - O 3D é uma ferramenta muito importante para criar a imersão. O James Cameron, com o "Avatar", conseguiu realmente puxar o espectador para dentro do universo que ele criou. A gente pensa em um novo eixo e, depois, acabamos tendo de pensar no lado financeiro. Quando se faz uma produção 3D, na verdade são feitos três filmes: dois para as cópias em película e um outro para a exibição digital. Nosso trabalho é balancear tudo isso.
EDU FERNANDES
Da Redação
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