quinta-feira, 29 de julho de 2010

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Animador brasileiro comenta o 3D e fala sobre o Anima Mundi, que chega a SP

Quando se fala no Anima Mundi, a primeira lembrança são as grandes filas que se formam para poder assistir às disputadas sessões com animações dos quatro cantos do mundo. No entanto, além de sessões, o festival traz outras atividades, como oficinas e debates. Este ano, o Anima Fórum trouxe, entre outros convidados, o animador Ale McHaddo, diretor da produtora 44 Toons.


Ale, diretor do curta "Bugigangue - Controle Terremoto", primeira produção nacional a usar a tecnologia de projeção em 3D, falou com exclusividade ao UOL Cinema sobre o evento que passou pelo Rio entre 16 a 25 de julho (ele mediou uma mesa por lá). Agora o Anima Mundi chega a SP, onde acontece de 28 de julho a 1º de agosto. OS filmes serão exibidos no Memorial de América Latina e no Centro Cultural Banco do Brasil (veja mais informações no site oficial)


UOL Cinema - Como foi a mudança de espectador para participante do Anima Mundi?
Ale McHaddo - Na verdade tem duas mudanças. Eu comecei a produzir animações em 2002 e, a partir daí, consegui colocar meus filmes no Anima Mundi a cada dois anos. Depois, com a criação do Anima Fórum, pude participar como debatedor. No final, essas mudanças acabam sendo apenas novas camadas que são acrescentadas. São dois momentos interessantes, mas é preciso sempre ter em mente o que você buscava quando só assistia às animações para conseguir produzir uma animação de boa qualidade.


UOL Cinema - Quais as atrações do festival causaram mais ansiedade em você?
Ale McHaddo -  Acho que estava esperando mais pelas mostras da Gobelins e da CalArtes, que são escolas estrangeiras de animação. Para o mercado nacional, a mão-de-obra mostra-se um grande gargalo na produção. No Anima Fórum, as escolas mostram seus programas e as animações dos estudantes. Com isso, podermos ver como se criar talentos para a área.


UOL Cinema - Ansioso para o Anima Fórum no Rio? O que espera do papo?
Ale McHaddo - Claro que sim. Eu vou exibir alguns filmes e depois acho que termos muitas perguntas técnicas e poucas falando da estética do 3D. Pouco se pensa na contribuição da estereoscopia para a história. Ainda falta acontecer uma maturidade nessa questão. Acho que 80% serão tecnicalidades, mas como um moderador da mesa vou buscar perguntas que falem mais da estética e da imersão.


UOL CInema - Como surgiu a 44 Toons? Por que esse nome?
Ale McHaddo - Quando eu era estudante, fundei com alguns amigos a 44 Bico Largo, para produção de fanzines e games. Depois, quando começamos a produzir animações, formamos um braço da empresa: a 44 Toons. Como 44 Bico Largo fica difícil de falar em inglês, ficamos com o nome novo.


UOL Cinema - Além dos óculos, o que muda quando se faz uma animação 3D?
Ale McHaddo - Muda o pensamento de cena. A linguagem cinematográfica exige que o animador e o diretor pensem no eixo da tela, que é sempre bidimensional. Na produção de uma animação em 3D, precisa-se pensar como colaborar para o movimento dos personagens e como valorizar a cena. Por causa da tridimensionalidade, o pensamento aproxima-se mais do teatro, especialmente aquelas peças em que o ator se aproxima da platéia.


UOL Cinema - O processo é mais cansativo para os animadores?
Ale McHaddo - Muito mais cansativo! A gente produziu o "BugiGangue" quando ainda não existiam televisores 3D e, por isso, tivemos que usar aqueles óculos azul e vermelho para fazer o filme. Esses óculos causam dor de cabeça depois de muito tempo de uso. Aí tivemos que desenvolver algumas técnicas para descansar os profissionais, até com o acompanhamento de oftalmologistas. Agora temos monitores novos, que causam menos incômodo.


UOL Cinema - Na sua visão, como o 3D muda a experiência cinematográfica?
Ale McHaddo - O 3D é uma ferramenta muito importante para criar a imersão. O James Cameron, com o "Avatar", conseguiu realmente puxar o espectador  para dentro do universo que ele criou. A gente pensa em um novo eixo e, depois, acabamos tendo de pensar no lado financeiro. Quando se faz uma produção 3D, na verdade são feitos três filmes: dois para as cópias em película e um outro para a exibição digital. Nosso trabalho é balancear tudo isso.


EDU FERNANDES
Da Redação


Se quiser ver o link original, clique AQUI!


terça-feira, 27 de julho de 2010

Escritos e Ditos

Richard Yates"... Se você quer fazer algo absolutamente honesto, algo verdadeiro, isto sempre se mostrou algo que você tem fazer sozinho."

Richard Yates

Escritos e Ditos


"Às vezes, o verdadeiro pode não ser verossímil"


Nicolas Boileau

Palavras de Somerset Maugham à guisa de prefácio



Chamaram-me cínico. Acusaram-me de fazer os homens piores do que o que eles são. Não creio que o tenha feito. A única coisa que fiz foi trazer à luz certos traços a que muitos escritores fecham os olhos. Creio que o que me tem impressionado principalmente nas criaturas humanas é a sua falta de consistência. Tem-me assombrado como os traços mais incompatíveis podem existir na mesma pessoa; e, apesar de tudo, produzir uma harmonia plausível. Muitas vezes, perguntei a mim próprio como é possível que características aparentemente irreconciliáveis coabitem na mesma pessoa. Conheci escroques capazes de sacrifício, ladrões bondosos por natureza, e prostitutas para quem era um ponto de honra retribuir com o devido valor o dinheiro recebido. A única explicação que posso oferecer é que é tão instintiva em cada pessoa a convicção de que é única no mundo, e privilegiada, que sente que tudo quanto faz - por muito prejudicial que possa ser aos outros - é, se não natural e justo, pelo menos venial. O contraste que descobri nas pessoas interessou-me, mas não creio que o tenha sublinhado excessivamente. A censura que de vez em quando me têm feito é talvez devida ao facto de eu não ter expressamente condenado a parte má das  personagens da minha invenção, nem louvado a boa. Deve ser um defeito meu o não me desgostar gravemente com os pecados dos outros, senão quando eles me afectam pessoalmente; e, mesmo nesse caso, aprendi, pelo menos de uma maneira geral, a desculpá-los. É conveniente não esperar muito das outras pessoas. Devemos ficar gratos se nos tratam bem, mas imperturbáveis se nos tratarem mal. "Porque cada um de nós", como disse o Estrangeiro Ateniense, " deve grande parte do que é às inclinações dos seus desejos e à natureza de sua alma". É a falta de imaginação que impede as pessoas de ver as coisas de um ponto de vista que não o seu, e não é razoável zangarmo-nos com elas por lhes faltar esta faculdade.




Julgo que podia ser justamente censurado se só visse os defeitos das pessoas, e fosse cego às suas virtudes. Não estou convencido que seja esse o caso. Não há nada  mais belo do que a bondade, e sempre me agradou muito mostrar que ela existe em pessoas que, pelas normas  vulgares, seriam inexoravelmente condenadas. Mostrei-a onde vi. Pareceu-me por vezes, é certo, que ela brilhava mais fortemente nessas pessoas por estar rodeada pela escuridão e pelo pecado. Admito a bondade dos bons como natural e divirto-me quando lhes descubro os defeitos ou os vícios; comovo-me quando vejo a bondade dos maus e estou pronto a encolher tolerantemente os ombros à sua maldade. Não sou o guarda do meu irmão. Não consigo forçar-me a julgar os meus semelhantes; contento-me com observá-los. A observação levou-me a acreditar que, no fim de contas, não há diferença entre os bons e os maus como os moralistas no querem fazer crer.




O que marca o valor da cultura é o seu efeito sobre o carácter. De nada vale, se lhe não dá nobreza e força. Deve servir para a vida. O seu objectivo não é a beleza, mas o bem. Demasiadas vezes, como sabemos, a cultura dá origem à arrogância. Quem nunca viu o sorriso irônico do letrado ao corrigir uma citação errada, ou o aspecto magoado do conhecedor quando alguém elogia uma pintura que ele não aprova? Não há melhor mérito em ter lido um milhar de livros do que em ter lavrado um milhar de campos. Não é maior o mérito o ser capaz de chapar num quadro uma descrição correcta do que o ser capaz de descobrir o defeito dum automóvel avariado. Em cada um dos casos, trata-se de conhecimentos especializados. O banqueiro tem os seus conhecimentos, também; e como ele o artífice. É um preconceito tolo dos intelectuais o de que só os seus conhecimentos contam. A Verdade, o Bem e o Belo não são a recompensa dos que requentaram escolas caras, roeram bibliotecas, requentaram museus. O artista não tem desculpa quando se serve dos outros com condescendência. É louco, se pensa que os seus conhecimentos são mais importantes do que os dos outros; imbecil, se não pode encontrar-se com eles como de igual para igual. Matthew Arnold prestou um péssimo serviço à cultura ao insistir na oposição dela ao filistinismo.


Tenho tido amizade, amizade profunda, a algumas pessoas; mas nunca me interessei pelos homens em geral por causa deles próprios, mas sempre por causa do meu trabalho. Não encarei, como Kant gostava de fazer, cada homem como um fim em si, mas como material que me poderia ser útil como escritor. Tenho-me preocupado mais com as pessoas obscuras do que com as célebres. São mais frequentemente elas próprias. Não tiveram necessidade de inventar uma figura que as protegesse do mundo ou o impressionasse. As suas idiossincrasias tiveram mais facilidade em desenvolver-se no círculo limitado de sua atividade, e visto nunca terem estado expostas ao público, nunca lhes ocorreu que tivessem alguma coisa a esconder. Exibem as excentricidades por nunca se terem lembrado que são excêntricas. E, no fim de contas, é com a massa comum dos homens que nós, escritores, temos de trabalhar; os reis, os ditadores, os magnatas do comércio são, sob o nosso ponto de vista muito poucos satisfatórios. Escrever a respeito deles é uma aventura que muitas vezes tem tentado escritores; mas o fracasso que lhes recompensou os esforços mostra que tais criaturas são demasiadamente excepcionais para poderem servir de fundação legítima a uma obra da arte. É impossível fazê-las reais. O vulgar é o campo mais rico para o escritor. O seu inesperado, a sua singularidade, a  sua variedade fornecem-nos material infinito. O homem célebre é muitas vezes de uma só peça; o homem pequeno, esse, é um monte de elementos contraditórios. É inesgotável. Nunca se acaba, as surpresas que ele nos reserva. Pela minha parte, preferia mil vezes ficar um mês numa ilha deserta com um veterinário do que com um primeiro-ministro.




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É interessante o que aconteceu por estes dias. Eu sempre tive muito interesse pela literatura inglesa, e nomes como Yeats e Maugham, entre outros, sempre fizeram parte de uma nuvem de nomes que eu deveria conhecer e ler.


Recentemente assisti ao Se7en, e vi que o personagem do Morgan Freeman se chamava William Somerset, s dois primeiros nomes de William SOmerset Maugham e durante o filme, Somerset e David Mills discutem justamente um livro do autor, A Servidão Humana. Fiquei muito instigado a procurar o Maugham para ler.


Noutro dia, ao sair de casa, vi alguns livros jogados aos pés de um cesto de lixo, identifiquei um pela capa escura e bem envelhecida, mas não me dispus a olhar que livro era. Quando voltei, o porteiro do prédio onde moro estava com o livro que eu tinha visto nas mãos. Perguntei a ele do que se tratava e ele disse que eram uns livros que estavam no lixo. Vi do que se tratava, Uma Antologia de Contos de Somerset Maugham. Ele perguntou se eu queria eu é claro que eu aceitei. O prefácio aqui apresentado é o prefácio deste mesmo livro. Um versão portuguesa de 1957.



Conte o conto sem aumentar um ponto

A Academia Brasileira de Letras (ABL), com o objetivo de promover sua imagem na rede social Twitter, através do Abletras, estabelece normas para a participação no Concurso Cultural Conte o conto sem aumentar um ponto.


Os participantes deverão escrever um conto com até 1778 caracteres, finalizando, de maneira distinta do original, o conto A Cartomante, de Machado de Assis. O melhor, além da premiação, terá seu trabalho exposto no Portal da ABL.


para saber mais, clique AQUI!

Depois do Vendaval (The Quiet Man - 1952)


                 MICHALEEN FLYNN
           Impetuoso! Homérico!


Direção: John Ford


Roteiro: Frank S. Nugent, do argumento de Maurice Walsh e a colaboração de John Ford


Elenco: Sean Thornton (John Wayne), Mary Kate Danaher (Maureen O'Hara), Michaleen Oge Flynn (Barry Fitzgerald), Father Peter Lonergan (Ward Bond), "Red" Will Danaher (Victor McLaglen), Reverendo Cyril Playfair (Arthur Shields), entre outros.


Este é, sem dúvida, dos filmes que vi de John Ford, o melhor, o que mais gosto. Há vários motivos, os atores, a história, o roteiro... ops, como assim a história e o roteiro? Não são a mesma coisa a história e o roteiro?


Não, não são. Por isso vamos falar da distinção entre fábula e Syuzhet, ou mais conhecida como trama.


A Fábula, de acordo com Tomachévski, diz respeito à história em sua cronologia original, tanto em duração como na ordem dos acontecimentos. Todas as ações e fatos que ocorrem que influenciam, ou não, o desenrolar da história.


Vejamos. Em The Quiet Man a fábula diz respeito ao nascimento de Sean Thornton, a imigração de sua família para o EUA, sua infância dura e dificil, os tempos de juventude enquanto trabalhava na construção civil, a descoberta do Boxe, o começo na carreira do Boxe, sua ascensão, suas vitórias, até o dia que em uma luta mata um adversário que ele respeitava, um lutador honesto e pai de família. Não conseguindo lidar com a culpa, Thornton decide retornar à sua terra natal, a Irlanda, mas precisamente Innesfree. 


Além disso, na Irlanda, temos a vida de Mary Kathe, seu nascimento, sua infância, a morte da mãe e do pai. O irmão mais velho, rabugento e tirano, mas a quem Mary Kate sempre enfrentou corajosamente. Ainda o fato de Mary Kate trabalhar para cuidar da casa do irmão e ainda trabalhar para conseguir juntar o seu dote para o casamento e o temor dela em não conseguir casar.


Além da história de Sean e Mary kate, podemos ainda adentrar a história de Michaleen, um intelectual Ébrio que faz citações literárias, citando Homero, por exemplo, e o que é melhor, sem pedantismos. MIchaleen recebe Sean em seu retorno à Irlanda e é uma espécie de autoridade moral local, mas em seu passado, tudo indica ligações com o IRA. Em uma cena no bar, dois rapazes, que não sabemos muito bem quem são retornam à Innesfree e dizem a Michaleen que a guerra acabou, ao qual ele retruca: "Ainda assim, eu não perco a esperança". No final da história, quando da luta entre Thornton e Danaher, este último, ao ver junto da imensa truba que se aproxima para verem a peleja, diz aos dois jovens que conversavam com Michaleen: "Vejo a mão do IRA nessa confusão!" Ao que um dos jovens respondem, "Se houvesse mão do IRA não sobraria pedra sobre pedra de sua casa!"


Mas poderíamos ficar detalhando todas as histórias de todos os personagens, até mesmo focalizar a história do IRA e das lutas da Irlanda. Tudo isto faz parte da fábula.


Por sua vez, a Syuzhet, ou a trama, é a forma como organizamos estas informações. Vejam quantas possibilidades temos. Podemos focar em qualquer uma das histórias citadas e tomá-la como foco narrativo, uma vez que seria impossível contar todas as histórias ao mesmo tempo ou pelo menos no mesmo filme. No caso de Nugent, Walsh e Ford eles preferiram centrar o foco narrativo em Sean Thornton e no momento de seu retorno à Innesfree.


Mas não é só a escolha do foco narrativo que define a Trama, ou Syuzhet. John Ford é um cineasta que adora fazer estes exercícios formais. 


Em The Man Who Shot Liberty Valance, ele deixa tanto Ransom Stoddard (James Stewart), como o espectador pensarem que fora Stoddard que matara Liberty Valance (Lee Marvin) num duelo, para depois, Tom Doniphon (John Wayne) dizer o que realmente aconteceu, e então, temos a cena, em flashback, mostrando o fato. 


Em The Searches, por sua vez, Ford utiliza-se da carta de Martin Pawley (Jeffrey Hunter) para Laurie Jorgensen (Vera Miles), e conforme, pela carta, sabemos tudo pelo qual Pawley e Ethan Edwards (John Wayne) tem passado e quais os efeitos do que eles estão enfrentando no local de origem deles, um imediato é o fato de Laurie decidir casar-se e esquecer de vez Pawley.


Em The Quiet Man o arranjo se dá principalmente em função de esconder o passado de Thornton nos EUA. Temos pistas a seu respeito quando o Reverendo Playfair (Arthur Shields) faz menção de que Thornton era famoso nos EUA e era um "campeão" de algo.


Quando temos uma corrida de cavalos, a qual Thornton vence, temos uma pista falsa, pois ao final da corrida, o Reverendo novamente chama Thornton de campeão, o que pode sugerir que Thornton pudesse ter sido um jóquei.


Porém, é no momento em que Thornton toma um soco de Will Danaher que ele cai desmaiado e temos um flashback lembrando dos seus motivos para não mais lutar.


A trama, é arranjada de modo que só descobrimos isto depois, pois se ela fosse seguir a fábula de modo linear, teríamos um filme onde a discussão sobre o boxe ocuparia o eixo central, ou talvez, a escolha tenha se baseado nas motivações artísticas de John Ford.


Mas enfim, é esta a diferença entre trama e fábula, a fábula, a grosso modo é o que se conta, em todos os detalhes, enquanto a trama, ou Syuzhet, é o modo como você arranja os acontecimentos para contar a fábula.






segunda-feira, 26 de julho de 2010

ConCURSO - Concurso para Roteiristas



ConCURSO Roteirista.com é uma iniciativa do CURSO online O Roteiro de Cinema - uma introdução, para estimular jovens talentos a escrever e divulgar seu trabalho.

Quatro vezes por ano, roteiros são selecionados por uma Comissão e publicados no site. Os resultados são divulgados entre os principais cineastas e produtores no país, que são convidados a visitar o site para conhecer o banco de dados - cada vez maior - de novos talentos.

Não é obrigatório ser matriculado no CURSO, para participar do ConCURSORoteirista.com, embora um bom conhecimento dos conceitos fundamentais do ofício de escrever para o cinema será necessário para ter chances de ser selecionado.

Não existem restrições a respeito de tema ou viabilidade, e nenhuma importância será dada a idéias interessantes ou conceitos promissores, se o duro trabalho de criar uma bela história, com muita criatividade e originalidade, estiver ausente.

As inscrições para o atual ConCURSO abriram em 1 de junho e devem ser enviadas até meio-dia do dia 31 de julho de 2010.Participantes devem ler atentamente todas as Regras e, depois de preparar o arquivo com o roteiro a ser apresentado, seguir para preencher a ficha de inscrição:

domingo, 25 de julho de 2010

Os Implacáveis (The Getaway - 1972)


                  DOC MCCOY
            Encontre Beynon, diga-lhe que 
            estou à venda.

Direção: Sam Peckinpah


Roteiro: Walter Hill, da novela de Jim Thompson


Elenco: Doc McCoy (Steve McQueen), Carol McCoy (Ali MacGraw), Jack Beynon (Ben Johnson), entre outros.


Um filmaço digno de Peckinpah. Grandes cenas.
Prestem atenção ao cenário, principalmente no momento em que Doc e Carol se escondem dentro de uma caçamba de lixo e depois são pegos pelo caminhão e depois jogados em um aterro sanitário.


Os dois estão literalmente no lixo, perseguidos pela polícia, pelos criminosos, Doc desconfiando do amor que Carol sente por ele.


No entanto, por pior que pode parecer, foi justamente o fato de terem sido recolhidos como lixo enquanto tentavam se esconder que salva a pele dos dois.


Uma coisa que não entendi bem foi por que o casal foi para o hotel de Laughlin se eles sabiam que os criminosos iriam procurá-los lá. 


Entendo que eles queriam chegar antes dos seus perseguidores. Porém, quando Doc e Carol estão indo para El Paso, para encontrarem Laughlin, Carol tem o dinheiro roubado. Enquanto Doc vai atrás do homem que roubou do dinheiro de Carol, ele se atrasa para chegar em El Paso, onde os criminosos chegaram primeiro. 


Mas, se ele sabe que metade dos EUA está na sua captura por que, inclusive os bandidos que sabem da relação dele com Laughlin, por que  diabos ele tem de ir até El Paso, ver Laughlin para depois fugir para o México?


Para dar download do roteiro clique AQUI! (Em Inglês)





sexta-feira, 23 de julho de 2010

Pat Garrett & Billy the Kid (1973)


                     BILLY
            Oh Pat... Xerife Pat Garrett.
            Vendido para a elite de Santa
            Fé! Como se sente?

                     GARRETT
            Eu sinto que os tempos mudaram.
                
                     BILLY
            Os tempos, talvez. Mas não eu.


Direção: Sam Peckinpah

Roteiro: Rudy Wurlitzer 

Elenco: Pat Garret (James Coburn), Billy The Kid (Kris Kristofferson), Xerife Kip McKinney (Richard Jaeckel), entre outros.

Filmaço! Um dos grandes filmes do Peckinpah. E ainda com uma atuação bastante oportuna de Bob Dylan.

Elite de Assassinos (The Killer Elite - 1975)


                  GEORGE HANSEN
             Você está aposentado Mike.
             Aproveite!

Direção: Sam Peckinpah

Roteiro: Marc Norman e Stirling Silliphant da novela "Monkey in the Middle" de Robert Rostand

Elenco: Mike Locken (James Caan), George Hansen (Robert Duvall), Cap Collis (Arthur Hill), Mac (Burt Young), entre outros.

Que filme horrível, como o Peckinpah fez um troço deste?!

O filme começa depois de uma hora. Há um intervalo que mostra a recuperação de Locken, que é um tédio, cria expectativas e não corresponde ao que esperamos, pensamos que o cara vai receber um implante, algo do tipo, mas não, ele foi ferido pelo antigo parceiro, por algum motivo que não sabemos qual, e depois temos de ficar vendo sua recuperação e o que é pior, o cara virar um puta lutador, mesmo depois de ter a rótula destruída.

Além dessa falta de credibilidade (que não tem nada a ver com verossimilhança) temos cenas óbvias e tediosas, parece que os atores gostariam de estar em qualquer outro lugar que não no set de filmegens. Enfim, uma catástrofe.

A única coisa legal é o cenário da ação final, aquele monte de navios é "cinematográfico" e original, pena que desperdiçaram uma grande oportunidade.



quinta-feira, 22 de julho de 2010

Script Doctor

O Script Doctor
 
O objetivo do Script Doctor é ler e analisar seu roteiro, para depois apontar problemas estruturais, sejam no argumento ou na trama, aspectos relacionados à construção e caracterização dos personagens, de composição, diálogos e qualquer outro aspecto dramatúrgico que mereça atenção.

Além do aporte teórico e prático, a importância do trabalho do Script Doctor legitima-se em função do distanciamento que o mesmo tem em relação ao projeto. Como geralmente o Script Doctor, num primeiro momento não conhece a história, não participou do processo criativo e não possui uma relação íntima e afetiva com o roteiro a ser analisado, ele tem a vantagem de um distanciamento apropriado para apontar o que não está funcionando, o que não é compreendido e o que precisa ser melhorado, acrescentado, explicado, cortado, fundido, melhor amarrado, reescrito, mudado, por ai em diante. O Script Doctor é o profissional que vai dar aquela opinião sobre o seu material que você tanto precisa e quer.

Meu Procedimento
A minha metodologia do trabalho consiste, em primeiro lugar numa reunião presencial ou virtual (MSN, telefone) para uma conversa sobre o trabalho e a entrega do material.

Num segundo momento, faço a leitura do material e em menos de uma semana, marcamos uma nova reunião, onde apresento um relatório oral e por escrito, apresentando os diagnósticos e as sugestões para a resolução os problemas do roteiro.

A partir de então, se houver interesse, podemos marcar uma nova etapa do processo assim que uma nova versão estiver pronta. Ou ainda, podemos combinar um processo de orientação durante a reescrita.

Preços.
Longa Metragem: R$ 15,00 por página
Curta Metragem: R$ 20,00 por página
Argumento até 30 páginas: R$ 100,00
Argumento, para cada página adicional além de 30: R$10,00. 

Contatos: dannyeu@hotmail.com

Rastros de Ódio (The Searchers - 1956)



                    ETHAN
           Vamos para casa, Debbie. 

Direção: John Ford

Roteiro: Frank S. Nugent da novela de Alan Le May
Elenco: Ethan Edwards (John Wayne), martin Pawley (Jeffrey Hunter), Leurie Jorgensen (Vera Miles), entre outros.

Ethan Edwards é sem dúvida um grande personagem. Soldado do sul derrotado, nutrindo um ódio doentio pelos indíos, sem lar, sem futuro, volta par encontrar a família do irmão. Mas esta é emboscada e
apenas as duas filhas são poupadas com vida, mas sequestradas pelos índios. A busca pelas mesmas se transforma no sentido da vida de Ethan, porém, ele será acompanhado pelo mestiço Marty, adotado pela família do irmão de Ethan. 

O problema central do filme para mim é a questão racial. Marty é mestiço e foi criado por brancos, assim como Debbie, uma branca, fora sequestrada pelos apaches e educada pelos mesmos, Debbie tornou-se, também, uma comanche, a despeito de eles terem a sequestrado e dizimado sua família..

O preconceito de Edwards é imenso, ele não aceita Marty como branco, assim como não aceita que sua sobrinha, Debbie, possa ter se tornado uma comanche, aculturada pelos próprios comanches que a sequestraram e massacraram sua família, e por isto, Edwards decide encontrá-la e matá-la a todo custo.

Porém, é justamente a companhia de Marty que irá mostrar a Ethan o quanto ele está errado.

Muito bom, mesmo que eu ainda ache que o Ford perca a mão do roteiro em alguns momentos, desviando o foco e perdendo um pouco do ritmo da narrativa.


X-Men 2 (2003)


                POLICIAL
           Coloque suas facas no chão!

                WOLVERINE
           Não tem como!

Direção: Bryan Singer

Roteiro: Michael Dougherty, Dan Harris e David Hayter, do argumento de Zak Penn, David Hayter e Bryan Singer. Do universo criado por Jack Kirby e Stan Lee.

Elenco: Logan/Wolverine (Hugh Jackman), Professor Charles Xavier (Patrick Stewart), Magneto (Ian McKellen), Jean Grey (Famke Janssen), Cyclops (James Marsden), Storm (Halle Berry), Rogue (Anna Paquin), entre outros.


É impressionante como este roteiro é bem amarrado. Os ganchos são um elemento fundamental para a composição de um roteiro. E neste filme há ganchos de todo tipo o tempo todo. Mas o que vem a ser um gancho?

O gancho nada mais é do que o elo que liga uma cena à outra, mais precisamente, é uma questão, assunto, tema, que de algum modo  relaciona as duas cenas, jogando-a constantemente para frente.

Vejamos no caso do X-Men 2.



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Cyclops passa ao lado deles. Coloca a mão no ombro de Logan.
   
               CYCLOPS
        Você chegou na hora certa.
        Hoje à noite, você será a
        baby-sitter.
          (Gesticula para as crianças)
        Todos na cama às onze, ok?!

Rogue e Bobby olham para cima, não estão felizes em ouvir isso. Logan observa-os sair, Jean volta para acenar adeus.

              
ROGUE
        Ele quis dizer à meia-noite.

              
LOGAN
        Às onze. Onde está o Professor.


19 INT. MANSION Xavier - Cérebro - MINUTOS MAIS TARDE

Xavier está no console, ajustando os controles.

               XAVIER
        Logan, meus pedidos repetidos
        para você não fumar na mansão
        não têm tido efeito, mas continue
        a fumar aqui ... e você vai
        passar o resto de seus dias
        acreditando que você é uma
        menininha de seis anos de idade.

Logan ESTÁ em pé na entrada, por trás do Professor, 

com um charuto na boca.

               LOGAN
        Você faria isso?

               XAVIER
        E eu deixaria a Jean fazer
        trancinhas no seu cabelo.

Logan apaga o charuto na palma da mão, e coloca o resto no 

bolso da camisa para mais tarde.

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A cena diz respeito ao momento em que Logan retorna à Mansão no começo do filme, ele chega, é recebido, pergunta pelo professor. Na próxima cena vemos o professor no Cérebro, Logan está atrás dele. Rapidamente sabemos que alguém disse onde o professor estava. As cenas foram ligadas.

Roteiristas profissionais muitas vezes esquecem este pequeno detalhe, e em muitos casos você acaba vendo cenas desconectadas. Porém geralmente, se o roteirista não faz esta articulação entre cenas, o diretor irá perceber, ou então o montador e com certeza irão consertar o trabalho mal feito.

Como tudo na vida que parece ser fácil, basta apenas uma pequena reflexão para vermos que nem tudo que parece, é.

Por exemplo, no livro do McKee, Story, ele fala sobre as  transições, (Não usa a expressão Gancho) vejamos:


"O Princípio da Transição

Uma coisa sem o senso da transição tende a tropeçar de cena em cena. Tem pouca continuidade porque nada liga os eventos. Quando desenhamos ciclos de ação crescente, devemos ao mesmo tempo criar uma transição para que o público passe suavemente de uma cena para outra. Entre duas cenas, portanto, precisamos de um terceiro elemento, que liga a cauda da cena A com a cabeça da cena B. Geralmente, achamos esse terceiro elemento em um desses dois lugares: o que as cenas têm em comum e o que elas têm de oposto.

Terceiro elemento é a articulação para uma transição; algo em comum entre duas cenas ou contraposto entre elas.

Exemplos:

1. Um traço de caracterização. Em comum: corte de uma criança mimada para um adulto infantil. Em oposição: corte de um protagonista desajeitado para um antagonista elegante.

2. Uma ação: Em comum: das preliminares do amor para o saborear do pós-sexo. Em oposição: do tagarelar para o silêncio frio.

3. Um objeto. Em comum: do interior de uma estufa para uma floresta. Em oposição: do Congo para a Antárdida. 

4. Uma palavra. Em comum: uma frase repetida de cena para cena. Em oposição: do cumprimento para o xingamento.

5. Uma qualidade de luz. Em comum: das sombras da alvorada para as cores do crepúsculo. Em oposição: do azul para o vermelho.

6. Um som. Em comum: de ondas lambendo a costa para a respiração de alguém que dorme. Em oposição: da seda acariciando a pele para o ranger dos pneus.

7. Uma idéia. Em comum: do nascimento de uma criança para a abertura de uma pela. Em oposição: da tela vazia de um pintor para um velho agonizando.

Após um século de cinema, clichês de transição abundam. Ainda assim, não podemos recusar a tarefa. Um estudo imaginativo de quaisquer duas cenas encontrará uma ligação."(Story, p.286)


Neste caso, porém, acho que poderíamos ir além da explciação de McKee.

"Uma coisa sem o senso da transição tende a tropeçar de cena em cena. Tem pouca continuidade porque nada liga os eventos. Quando desenhamos ciclos de ação crescente, devemos ao mesmo tempo criar uma transição para que o público passe suavemente de uma cena para outra".

MacKee chega a esboçar a questão, mas acho que faltou acrescentar a questão da causalidade. Vejamos o que David Bordwell nos diz:

"Cada cena apresenta etapas distintas. Inicialmente temos a exposição que especifica o tempo, o lugar e os personagens relevantes – suas posições espaciais e seus estados mentais atuais (geralmente resultados de cenas anteriores). No meio da cena os personagens agem no sentido de alcançar seus objetivos, lutam, fazem escolhas, marcam encontros, determinam prazos, planejam eventos futuros, No curso de sua ação, a cena clássica, ou conclui os desenvolvimentos de causa e efeito deixados pendentes em cenas anteriores, ou abre ao mesmo tempo novas linhas causais pra desenvolvimento futuro. Uma linha de ação, ao menos, deve ser deixada em suspenso para servir de motivação à próxima cena, que retoma a linha deixada pendente...” (BORDWELL, D. O Cinema Clássico Hollywoodiano: Normas e Princípios Narrativos. in: RAMOS, Fernão (org) Teoria Contemporânea do Cinema. Volume II – Documentário e narratividade ficcional. São Paulo. Ed Senac, 2004, p.277-301.)


Porém, não basta apenas que uma cena dialogue com a outra, estabelecendo uma relação visual ou conceitual, a relação deve também e principalmente ser de causa e feito, de modo que jogue a história constantemente para a frente (ou para trás, dependendo da proposta).


Dica de exercício.

Reassista ao filme e tente prestar atenção em todas as transiçoes de cenas e perceber seus ganchos.

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