terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Juno (2007)

 

VANESSA LORING  (To Mark)
Grow up. If I have to wait for you to 
become Kurt Cobain, I'm never 
gonna be a mother.



Direção -  Jason Reitman

Roteiro - Diablo Cody

Cast -  Juno ( Ellen Page ), Paulie Bleeker ( Michael Cera ) Vanessa Loring ( Jennifer Garner ), Mark Loring ( Jason Bateman )

Eu não tinha visto este filme ainda, não foi descuido ou descaso, eu simplesmente estava assistindo muitos filmes clássicos, da Época de Ouro de Hollywwod, década de trinta a cinquenta. Queria muito ver Juno, mas nunca tive uma oportunidade. Então, logo depois de ver Up in the Air, encontrei um amigo como DVD de Juno embaixo do braço, é claro que ele foi bastante solidário e me emprestou.

Filme bacana, muito bonito e bem escrito. Acho que duas coisas merecem destaque, uma cena, e um nome.

A cena, é a da amiga japonesa, Su - Chin (Valerie Tian) que encontra Juno na porta de uma clínica de aborto da Women Now. Su - Chin faz uma manifestação, uma manifestação solitária contra o aborto. As duas se falam e Juno se constrange, cria coragem para entrar na clínica e Su-Chin lhe diz que seu bebê já tem unhas. 

Se fosse um roteirista menos talentoso ele colocaria um monte de pessoas, etc. Mas não, uma única garota solitária fazendo um protesto, não tem como não se simpatizar com a garota.  A simpatia com Su-Chin irá aumentar logo na sequência, quando a balconista da clínica atender Juno. Porém, infelizmente, a balconista e a clínica não são construídas com a mesma sutileza. Depois de ser atendida pela recepcionista, o que acabou de ser dito por Su-Chin lá fora ganha potência quando Juno, ao sentar-se na sala de espera, vê pessoas roendo unhas, pintando unhas, cortando unhas. afinal ela está numa situação tensa. Assim, automaticamente ela pensa no feto, ele está para ser abortado, ela pensa (ou achamos que ela pensa) "Será que ele, como tem unhas, estaria roendo suas pequeninas unhas?" juno automaticamente deixa a clínica.

Outro elemento, (inclusive eu havia pensado nisto para um personagem meu, e agora descarto de vez a idéia), é o nome McGuff. Ao ver o sobrenome de Juno, não pude deixar de associá-lo ao MacGuffin. 

McGuffin foi um termo usado por Hitchcock para definir um elemento da trama que aparentemente é o mais importante, por exemplo, o falcão em "O Falcão Maltês" de John Huston (baseado no livro de Dashiell Hammett). Porém, o artefato tão procurado pelos personagens é apenas algo que guia a história, dá um sentido, uma direção. O que realmente importa é aquilo que os personagens conquistam em sua busca, o seu aprendizado, a superação de seus defeitos ou que os levam a encontrarem o amor.

Vejamos nas palavras do próprio Hitchcock em sua clássica entrevista a François Truffaut:

"É um nome escocês, tirado de uma história sobre dois homens em um trem. Um homem diz: "Qual é o pacote lá em cima no suporte de bagagens?" E o outro responde: "Oh, isso é um McGuffin". Logo o outro pergunta: "O que é um McGuffin?" "Bem", o outro homem diz: "É um aparelho para capturar leões nas montanhas escocesas. O primeiro homem diz: "Mas não há leões nas maontanhas escocesas," uma outra  resposta: "Bem, então isso não é McGuffin!" Então você vê, um McGuffin é nada."

Mas vejam bem, embora o MacGuffin seja algo que não existe é ele que estabelece a conversa entre os dois homens. Surge com um elemento de ligação, uma espécie de função fática.

No caso do roteiro de Juno, tenho a impressão de que Diablo Cody humanizou seu MacGuffin. 

Se eu dissesse que a história de Juno McGuff é secundária diria uma grande besteira, na verdade, a gravidez é o desencadeador da história e nos leva a história de Mark e Vanessa. O filho de Juno é um MacGuffinzinho. Algo casual  como uma gravidez indesejada, mas que ganha muito mais importância a partir do momento que percebemos que o problema  é a incapacidade de lidarmos com o seu verdadeiro significado. O MacGuffin não é algo banal, nem ao menos problemático. A incapacidade de 'trabalhar' o MacGuffin, de cuidar do MacGuffin, seja ele aspectos da dramaturgia, ou seja uma criança, sim. Este é o verdadeiro desafio.







Um comentário:

Vinícius disse...

Este post ficou mt interessante.

não vi o juno, mas esse lance do mcguffin é ótimo.

Em "A pequena miss sunshine", o concurso de beleza mirim é um mcguffin. O que realmente importa é a relação dos persongens, todos uns loosers durante a viagem.