domingo, 6 de março de 2011

Bravura Indômita (True Grit) 2010


                                    MATTIE ROSS
           Você deve pagar por tudo neste mundo,
           de um modo ou de outro. Não há nada 
           gratuíto, salvo a graça de Deus.


Sinopse
Mattie Ross, uma garota de 14 anos parte em busca de vingança atrás do assassino de seu pai, o covarde Tom Chaney. 


Direção: Ethan Coen, Joel Coen


Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen, baseado na novela de Charles Portis


Elenco: Mattie Ross (Hailee Steinfeld), Rooster Cogburn (Jeff Bridges), Tom Chaney (Josh Brolin), LeBoeuf (Matt Damon), entre outros.


Comentários
Não sou fã incondicional dos irmãos Cohen. Filmes como "queime Depois de Ler", "A Serious Man", e "Barton Fink" não me agradam. Mas não posso deixar de dizer que eles fizeram filmes memoráveis, "Onde os Fracos Não tem Vez", "Fargo" e... Bravura Indômita.


O filme narra a história de Mattie, filha de um protestante pioneiro do oeste americano, assassinado covardemente por Tom Chaney, um ladrão pé rapado.


Mattie parte em busca de vingança atrás do assassino e não a levamos a sério. A não ser pelo aparência sóbria e determinada, não aacreditamos que ela seja capaz da espreita.


Não até vermos ela negociar cavalos com um comerciante velhaco.


Mattie então consegue dinheiro para procurar um caçador de recompensas e ir atrás de Chaney, mas conseguir que dêem crédito a ela é tão difícil quanto encontrar Chaney, mas ela consegue e então vai em busca do assassino.


Como todo bom western, o filme é um épico sobre a formação dos EUA e nenhum filme sobre a constituição dos EUA pode deixar de falar da fé protestante e de sua vitalidade.


Mattie é apenas uma garota procurando e lutando por algo em um ambiente inóspito e brutal, vestida de uma força palpável, trajes negros e de uma ingenuidade que beira a total falta de sensibilidade ela se afirma em um mundo masculino e violento.


O que isso tem a ver com ética protestante?


O clássico texto de Max Weber, "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" diz ser a fé protestante fundamental para o desenvolvimento do capitalismo. Basicamente, a idéia de que a Graça de Deus está refletida e concretiza-se no mundo material através do trabalho, leva a um movimento dialético no qual quanto mais bem sucedido é o indivíduo, mais ele se crê próximo da salvação e de Deus. Oras, se tenho sucesso e creio que este sucesso confirma para mim que sou um Eleito de Deus, resta a pergunta. o que pode alguém contra uma pessoa que possui fé genuína?


Neste sentido, Mattie, como uma autêntica puritana, não representa esta força, ela é esta força, capaz de transpor montanhas de um lado para o outro e capaz de levar uma menina através dos desertos do oeste norte-americano atrás de qualquer objetivo.


Certamente, a despeito dos aspectos religiosos e da precisão - ou falta de - em minha análise, certamente o filme merece muita atenção na construção da protagonista, afinal, o mesmo é uma aula de como construir um protagonista interessante e que não fica chorando as pitangas e as agruras do mundo.


Outra coisa que gostaria de destacar é a cena onde Mattie e Cogburn conversam sob a luza da lua e a fotografia capta toda a beleza e pureza da personagem.


Certamente, um filme condenado a tornar-se clássico. Em breve espero poder ver a primeira versão.


Um comentário:

Antunes disse...

Ótima a tua analíse inspirada no "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" do Max Weber, eu tenho este livro.
É como eu digo o único país de primero mundo católico é a Itália e mesmo assim só metade dela, pois a outra metade ainda está "em desenvolvimento".