Ontem tive o privilégio de participar de uma palestra com o McKee e podem ter certeza, não me decepcionei. Com bastante lucidez ele fez alguns comentários que valem a pena destacar.
A primeira observação, muito contundente por sinal, foi a crítica à nossa produção cinematográfica, sobretudo no que diz respeito à natureza de nossos roteiros. Aproximadamente noventa por cento de nossos roteiros são adaptações de obras literárias e muito poucos roteiros originais têm sido escrito no Brasil, e ao ver do McKee, com quem faço coro, isto é muito grave.
Eu gostaria de acrescentar ainda uma observação; se aproximadamente noventa por cento são adaptações literárias, o restante "é baseado em fatos reais". É claro que isto dá muita discussão, mas para não extender muito, apenas segue uma sugestão, libere sua imaginação e pense em Argumentos Originais. Não que você não possa se inspirar na sua própria história ou na do seu vizinho, mas não queira revelar a realidade através de suas histórias, pois a verdade é caprichosa, ela tem seus próprios meios de se revelar, e, em muitos casos, não é escrevendo exatamente o que aconteceu com fulano que você estará sendo honesto, pois no fim das contas, ainda assim será a sua interpretação do fato.
A segunda observação foi sobre o fato de ainda não termos nos organizados profissionalmente e termos criado um sindicato, temos no máximo algumas associações. Ele chegou, inclusive, a sugerir greves de roteiristas. (Embora não sei se isto possa funcionar no brasil hoje, talvez os pessoal que trabalhe na TV, mas mesmo assim, ainda é bastante complicada esta discussão
Por fim, ele apontou hoje uma realidade em Hollywood, hoje, a classe que detêm o poder de realização e escolha dos filmes em Hollywood não são mais os produtores, roteiristas oudiretores, mas os atores. Neste sentido, ele usou como exemplo o
Up in the Air, de
Jason Reitman. McKee disse que o filme só aconteceu devido ao fato de
George Clooney ter gostado do roteiro e comprado a briga. Ao final ele disse que os atores de Hollywood têm tudo, dinheiro, fama e sucesso e que a única coisa que eles desejam, são grandes personagens e grandes histórias, ou seja, eles precisam de grandes roteiristas. É engraçado, pois de certo modo, nós somos os objetos de desejo das estrelas. Hehehehehehehe. É Brincadeira o que eu disse, mas não deixa de ser verdade.
Inclusive saiu uma notícia na Folha sobre o evento, leiam
AQUI!.