terça-feira, 13 de abril de 2010

O Antagonista (Lajos Egri)


O Antagonista

Qualquer um que se oponha a um personagem central torna-se necessariamente o adversário ou antagonista. O antagonista é aquele que retém impiedosamente a trajetória do protagonista. Ele é aquele contra quem o personagem principal exerce toda a sua força, toda a sua astúcia, todos os recursos do seu poder criativo.
Se, por qualquer motivo, o antagonista não pode colocar-se numa luta prolongada, então  você pode procurar por outro personagem que o faça.
O antagonista em qualquer peça é necessariamente tão forte e tão implacável quanto o personagem principal. A luta só é interessante se os lutadores estão empatados. Helmer, na Casa de Bonecas, é o antagonista contra Krogstad. O protagonista e o antagonista devem ser inimigos perigosos. Ambos são implacáveis. A mãe, em Silver Cord, encontra um oponente à altura nas mulheres cujos filhos trouxe para casa. Iago em Othello, é o protagonista, cruel e conivente. Othello é o antagonista. A autoridade e o poder são tão grandes que Iago não consegue mostrar a mão aberta - mas ele atrai grande perigo sobre si, sua própria vida está em perigo. Othello, então, é um antagonista digno. O mesmo acontece em Hamlet.
Permitam-me repetir novamente: o antagonista deve ser tão forte como o protagonista. As vontades das personalidades conflitantes devem chocar-se.
Se um poderoso brutalizar um homem fraco, vamos virar contra ele, e isso não significa que vamos esperar ansiosamente para ver o resultado deste encontro desigual. Sabemos de antemão o resultado.
A novela, jogo ou qualquer tipo de escrita, é realmente uma crise do começo ao fim crescendo para a sua conclusão necessária.


O trecho traduzido pertence ao livro The Art Dramatic Writing de Lajos Egri, um dos primeiros livros lidos por Syd Field quando este começou a estudar dramaturgia e roteiros.


 Para quem quiser ler no original, segue em inglês.

The Antagonist

Anyone who opposes a pivotal character necessarily becomes the opponent or antagonist. The antagonist is the one who holds back the ruthlessly onrushing protagonist. He is the one against whom the ruthless character exerts all his strength, all his cunning, all the resources of his inventive power.
If for any reason the antagonist cannot put up a protracted fight, you might as well look for another character who will.
The antagonist in any play is necessarily as strong and, in time, as ruthless as the pivotal character. A fight is interesting only if the fighters are evenly matched. Helmer, in Doll’s House,  is the antagonist against Krogstad. The protagonist and the antagonist must be dangerous foes to each other. Both of them are ruthless. The mother in The Silver’s Cord finds a worthy opponent in the women her sons brought home. Iago in Othello, is the ruthless, conniving protagonist. Othello is the antagonist. Othello’s authority and power are so great that Iago cannot show his hand openly – but he courts great danger anyway, nay, his very life is in danger. Othello, then, is a worthy antagonist. The same is the case in Hamlet.
Let me now repeat it again: the antagonist must be as strong as the protagonist. The wills of conflicting personalities must clash.
If a big brute brutalize a little man, we’ll turn against him, but this will not mean that we shall wait with bated breath to see the outcome of this uneven encounter. We know it beforehand.
A novel, play, or any type of writing, really is a crisis from beginning to end growing to its necessary conclusion.

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